Mateus caps. 27 e 28
Preparado e Ministrado por Gerson Berzins
Queridos irmãos e ouvintes agradeçamos a Deus a oportunidade que Ele nos concede de mais uma vez nos encontrarmos, hoje para finalizar esta série de reflexões no Evangelho segundo Mateus.
Desejo expressar a minha gratidão a todos que acompanharam a série e suplico a Deus que esta oportunidade de rever os ensinos e o ministério do Nosso Salvador tenha sido de proveito para a nossa vida espiritual, reanimando a nossa fé, reforçando a nossa esperança e compelindo-nos para um renovado e revigorado comprometimento com o reino de Deus.
Restam-nos os dois últimos capítulos deste evangelho.
O capítulo 27 continua apresentando o julgamento de Jesus. Para
termos uma visão completa do processo de condenação do nosso Mestre, devemos recorrer aos outros evangelhos, visto que em nenhum deles temos um relato abrangente de tudo o que ocorreu naquela madrugada da Sexta Feira.
O processo pode ser dividido em 2 partes: O julgamento pelas autoridades religiosas judaicas e julgamento pelas autoridades civis romanas.
Já vimos, no capítulo 26 Mateus nos apresentando a primeira parte;
Jesus preso por uma espécie de milícia popular enviada pelos sacerdotes e
anciãos.
João nos deixa saber que antes do interrogatório na casa de Caifás, o sumo
sacerdote, Jesus foi encaminhado à casa de Anás, sogro de Caifás, onde também foi interrogado e fisicamente agredido (Jo.18.13-23).
A terceira parte do julgamento judaico vemos no primeiro verso do capítulo 27, quando ao raiar do dia o Sinédrio, o conselho máximo do Judaísmo se reúne para então formalmente proceder às audiências e promulgar o veredicto.
Foi necessário aguardar a manhã para que tal conselho se reunisse, pois perante a lei judaica os julgamentos somente podiam transcorrer à luz do dia.
Era apenas mais uma preocupação com a aparência de formalidade nesse processo todo carregado de irregularidades como julgamento sem defesa, condenação prévia do acusado pelos dirigentes do processo, arrolamento de falsas testemunhas (26.59), além do evidente ataque à integridade física do réu, no recinto do local de julgamento.
As autoridades religiosas não podiam dispor da vida de um condenado, e por
isso precisavam que a sua condenação fosse confirmada pelas autoridades
romanas, e assim temos a segunda parte do julgamento, também composta de 3 audiências, uma com Pilatos, a autoridade romana maior na Judéia, que querendo livrar-se do problema, envia Jesus a Herodes, que tinha o domínio sobre a Galiléia, a pretexto de Jesus ser Galileu.
Herodes desvencilha-se de decidir e devolve Jesus a Pilatos, com quem ocorre
a terceira e final audiência. Mateus apenas registra as audiências com Pilatos,
em um único relato.
É Lucas que nos informa da inclusão de Herodes neste processo (Lc. 23.6-12).
A omissão final de Pilatos na segunda audiência é fato notório, e com o seu simbólico gesto de lavar as mãos, deixa que a multidão, devidamente inflada pelas autoridades religiosas, imponha a crucificação de Cristo.
A partir do versículo 27 vemos o registro da “via crucis” com as humilhações
impostas a Cristo na sua última caminhada, desde o pretório até o lugar da
Caveira, o Gólgota onde as crucificações ocorriam.
Uma leitura atenta deste trecho do Evangelho nos dá a correta dimensão
daqueles acontecimentos que são a prova maior do amor de Deus por cada um de nós e por toda a humanidade, ao dar a vida do seu Filho para que pelo seu sangue pudéssemos nos reconciliar com Deus.
A seguir, já no verso 57, nos é relatado o sepultamento de Jesus, providenciado por José de Arimatéia, que como figura proeminente e discípulo de Jesus, consegue do próprio Pilatos autorização para sepultar Jesus em um sepulcro nunca antes utilizado.
Vemos também o cuidado das autoridades religiosas em procurar evitar
surpresas pedindo a Pilatos o lacre e a guarda do sepulcro.
E assim chegamos ao último capítulo do relato deste evangelho.
O último, mas o mais importante. É claro, que sem todo o relato precedente, este último capítulo não teria razão de ser, mas mais importante, é que sem este último capítulo todo o relato precedente perderia a sua razão de ser, pelo
menos para a verdade espiritual fundamental das nossas vidas.
O apóstolo Paulo nos lembra disto: Se o relato de Jesus terminasse no túmulo que José de Arimatéia providenciou para o corpo do Mestre, a nossa fé seria vã (veja I Co.15.14).
Mas depois dos horrores da crucificação vem a alegria da ressurreição.
A cruz é sucedida pelo túmulo vazio e pelo gozo da comunicação do anjo: “Não está aqui, porque ressurgiu, como ele disse.
Vinde e vede o lugar onde jazia”. (v.6)
E deste anúncio do anjo tiramos para nós a inspiração dos quatro imperativos
colocados para as duas Marias, as primeiras testemunhas do cumprimento daquilo que Jesus tantas vezes tinha anunciado: Vinde e vede. Ide e dizei.
Este imperativos devem resumir toda a dinâmica da experiência cristã.
Chegar e constatar e depois ir e anunciar o que se viu.
Mateus relata em seguida como as autoridades religiosas agem para mascarar
a realidade da ressurreição de Jesus, subornando os guardas para que afirmassem terem dormido no cumprimento da missão que receberam e
que durante o sono, os discípulos roubaram o corpo.
Com comicidade devese perguntar a estes guardas: se dormiam, como podiam dizer que o corpo foi roubado e como podiam afirmar por quem foi o corpo roubado...
Das diversas aparições do Cristo ressurreto, Mateus registra apenas uma,
quando Jesus aparece aos seus discípulos na Galiléia e lhes deixa a grande
comissão: “Ide e fazei discípulos de todas as nações...” (v.19).
A missão outorgada termina com a preciosa promessa da continuada presença de Cristo com todos os que se engajarem a cumprir este mandamento.
O ide de Jesus aos seus discípulos daquela época e de todas as épocas, fez com que a mensagem de Cristo, de seu sacrifício na cruz, e da sua salvação alcançasse os mais longínquos povos e chegasse até nós.
É este mesmo Ide que mantém acessa a chama do ardor missionário dos nossos tempos, e sendo cristãos sinceros não podemos deixar de nos engajar nesta missão com o melhor do que podemos e temos.
Assim estaremos tornando realidade na nossa vida os 4 imperativos do anjo às mulheres na manhã da ressurreição.
Não nos contentando com os privilégios e alegrias do vinde e vede, mas completando-os com a responsabilidade do ide e dizei.